Dos 37 anos de educadora, professora Maria Aparecida dedica 31 à Escola Estadual Duque de Caxias.Elas
têm o mesmo nome, mas não se conhecem. Uma leciona no centro de Porto
Velho, outra na periferia. Ambas protagonizam atos de solidariedade.
Há
31 anos na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Duque de
Caxias, a professora Maria Aparecida de Freitas, 59 anos, pediu um
presente especial a seus alunos, para o Dia do Professor: caixas de
leite embrulhadas em papel de presente.
O produto será entregue à Casa do Ancião São Vicente de Paulo e à Casa de Apoio a Pessoas com Câncer, no bairro Arigolândia.
Mãe
de duas filhas e com um neto, Maria Aparecida assumiu a vaga em
dezembro de 1985, na gestão da diretora Maria Smith Campelo, mas
trabalha desde o período territorial. Deu aulas na Escola Estadual Simon
Bolívar, em Guajará-Mirim, entre 1981 e 1985.
Aos
37 anos de magistério, na Duque foi também supervisora (1991 a 1992) e
vice-diretora (1993 a 1997). Ganha elogios do diretor Geovaldo Oliveira
Sena e da supervisora Isa Jaqueline Rodrigues de Moura Campos. “Ela é
muito comprometida com a educação”, diz Isa. “Nossa escola inteirou 70
anos, e a participação dela é fundamental neste momento”, lembra
Geovaldo.
Por
quê Rondônia? Em Bezerros (na Serra da Borborema pernambucana), onde
nasceu, ela se tornou amiga da família de Francisca Fernandes de Souza,
de Guajará-Mirim, que lá morou um período e antes de retornar a Rondônia
convidou-a para vir junto.
Filha
de pai agricultor analfabeto e mãe empregada doméstica, Maria Aparecida
sentiu que poderia colaborar financeiramente com eles. “Eu vim a
contragosto da minha família (tem dois irmãos), praticamente fugida, mas
pude ajudá-los financeiramente alguns anos”, conta.
Maria
Aparecida começou a trabalhar no agreste pernambucano, em Bezerros (60
mil habitantes), na Serra da Borborema. “Eu ainda era menina quando
alfabetizei adultos no Mobral (Movimento Brasileiro de Alfabetização) em
1974 e por dois anos mais”, conta.
– Vamos lá, pessoal! – ela chama a turma para aula de geografia.
– Bom dia!
Faz
a chamada e inicia a revisão do assunto: continente africano. Detalha
clima, relevo e hidrografia. Alertando os alunos: “Clima é diferente de
tempo, viu?”.
Em
seguida, explica a grande extensão territorial brasileira (8,5 milhões
de Km²) e sua divisão em cinco regiões, lembrando que a África também é
assim.
– Gostaria que alguém, com voz bonita, lesse o segundo parágrafo do texto do livro.
Rapidamente
é atendida por um aluno: “A África (30,2 milhões de Km²), considerada o
berço da humanidade e da civilização, é o 2º continente mais populoso
do mundo, com cerca de um bilhão de pessoas (estimativa em 2005) e o 3º
mais extenso, depois da Ásia e da América, cobrindo 20,3 % da área total
da terra firme do planeta”.
Em
seguida, lembra que fatores de ordem física impedem a perfeita
distribuição populacional. Uma aluna lê a respeito dos meios de
transporte.
Depois,
a sala estuda o deserto Saara (9,2 milhões de Km²), o mais quente do
mundo; terras férteis do rio Nilo; populações litorâneas próximas aos
oceanos Atlântico e Índico, as quais têm mais lazer, alimento e
transporte.
Finalmente,
a composição étnica e cultural africana, dependência, independência de
estados, fome, pobreza e doenças. “A concentração de renda, o conhecido
bolo, leva grande parte do povo a viver com apenas um dólar per capita
(por cabeça)”, ela comenta.